O que é taxa referencial (TR) e como ela impacta os financiamentos?

Quem está interessado em fazer investimentos ou financiar um imóvel precisa saber o que é a taxa referencial (TR). Ela pode influenciar diversos aspectos da vida dos brasileiros, ainda que eles não se deem conta disso.

Dessa maneira, entender o que ela é, como funciona e seu cálculo é fundamental. Ademais, saber como a taxa participa de fatores do nosso dia a dia — especialmente do cálculo de financiamentos imobiliários — pode ajudar a tomar decisões mais conscientes.

Quer entender tudo isso? Então confira a seguir nosso conteúdo sobre o que é a taxa referencial e sua relação com os financiamentos!

O que é a taxa referencial?

A taxa referencial, mais conhecida como TR, surgiu em tempos de hiperinflação e instabilidade econômica no país. Assim, ela foi criada com o intuito de manter a inflação controlada e desindexar a economia brasileira. 

Isso porque, no começo dos anos 1990, a inflação brasileira chegava a mais de 2000% ao ano. Como os salários e poupanças eram corrigidos e indexados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a variação era enorme.

Logo, o preço de produtos e serviços e a correção da moeda oscilava diariamente. Imagine uma inflação de 150% ao mês: nesse caso, quem ganhava R$ 1000 de salário em janeiro, ganharia R$ 1500 em fevereiro. E o preço de todos os produtos e serviços também teria a mesma variação.

Isso trazia instabilidade econômica, perda do poder de compra e desvalorização recorrente da moeda. Por isso, em 1991, o presidente Collor e sua equipe econômica criaram a TR, substituindo a correção da inflação pelo IPCA.

Como ela funciona?

O funcionamento da taxa referencial, na teoria, era bem simples: a TR era reajustada diariamente, refletindo a inflação acumulada durante o mês. Logo, a correção monetária seguia esse referencial, corrigindo o poder de compra e evitando a desvalorização.

Isso evitava que o IPCA corrigisse o preço dos produtos ao consumidor sem que a moeda nacional o acompanhasse. Assim, a TR servia como uma referência básica para as demais taxas de correção e atualização monetária.

No entanto, o plano não foi bem sucedido devido a diversas variáveis econômicas. A hiperinflação só foi solucionada em 1994, com o Plano Real. A partir dessa data, a TR, que chegou ao pico histórico de 2474%, começou a diminuir drasticamente.

Isso ocorreu, principalmente, pela substituição da TR pela Taxa Selic. Como a Selic perdura até hoje como a taxa básica de juros no Brasil, a TR foi diminuindo até chegar ao valor 0.

Como a TR é calculada?

Durante sua história, a TR passou por diversas mudanças em relação ao cálculo. A metodologia atual é utilizada desde 2018 e não considera mais a média ponderada dos juros pagos nos principais certificados de depósitos bancários (CDBs) do país.

Após esse ano, é preciso considerar a Taxa Básica Financeira (TBF), que é um indicador divulgado de forma mensal pelo Banco Central (BC). Além dela, é preciso calcular o redutor, uma variável aplicada ao cálculo. 

A fórmula é a seguinte:

R = (a + b) x TBF

As variáveis são:

  • “R” é o redutor;
  • “a” é um valor fixo de 1,005;
  • “b” é uma variável divulgada pelo BC;
  • TBF é a Taxa Básica Financeira.

Após encontrar o valor do redutor, basta aplicá-lo à fórmula atual da TR. Veja só:

TR = 100 x {[(1 + TBF / 100) / R] +1}

Vale ressaltar que, conforme disposição do BC, a TR nunca pode ser negativa. Portanto, se o cálculo anterior resultar em um número negativo, a TR deve ser fixada em 0%.

Como ela impacta os financiamentos imobiliários?

Como uma importante taxa de juros do Brasil, a TR ainda é utilizada para a correção das parcelas de financiamentos imobiliários. Contudo, atualmente não são todos os contratos que têm a incidência desse índice.

Saiba mais sobre a influência dela no mercado de imóveis!

Financiamentos

Até o ano de 2018, a TR era utilizada obrigatoriamente nos financiamentos imobiliários. Portanto, se o seu contrato é anterior a esse ano, a taxa referencial estará presente no negócio. Na época, a taxa corrigia o saldo devedor. 

Mas, por conta da evolução da taxa e seus resultados, o Banco Central decidiu por não liberar a obrigatoriedade da TR em alguns contratos. Ela se manteve nos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). 

Dessa maneira, os bancos  e instituições cobram uma taxa de juros fixa, definida por eles, mais a taxa referencial. Ainda assim, a TR não faz grande diferença atualmente — já que, desde o segundo semestre de 2017, ela apresenta resultados nulos. 

Ou seja, ao aplicar a fórmula de cálculo, o resultado dá negativo ou zerado, deixando a taxa inexpressiva nesse sentido.

FGTS

O TR também influencia indiretamente os contratos de financiamento por meio da sua aplicação na correção do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Essa poupança formada pelo pagamento dos empregadores aos trabalhadores pode ser utilizada para pagar o saldo devedor.

Assim, é possível usar o saldo para quitar parte da entrada ou abater prestações do financiamento. O FGTS tem uma correção anual de 3% mais a TR, buscando manter o poder de compra do valor.

No entanto, como você viu, desde 2017 a TR está zerada — o que implica em perda do poder de compra com o montante. Por isso, atualmente, é somada a essa correção a importância de 50% dos lucros do FGTS no ano antecedente, distribuídos de forma proporcional.

Quais são os outros reflexos da taxa referencial?

Além dos financiamentos imobiliários e do FGTS, existem outros reflexos da TR no dia a dia dos brasileiros. O principal deles diz respeito aos juros do rendimento das cadernetas de poupança, uma das aplicações mais populares no Brasil.

Nesse sentido, os valores da poupança são corrigidos de duas formas distintas, a depender da evolução da taxa Selic. Funciona assim:

  • taxa Selic igual ou menor do que 8,5%: rendimento de 70% da Selic mais TR;
  • taxa Selic maior do que 8,5%: rendimento de 0,5% mais TR.

Conseguiu entender o que é taxa referencial e como ela impacta os financiamentos imobiliários? Como ela não é aplicada em todos os contratos, vale conhecer as principais condições e formas de pagamento para escolher o financiamento ideal para seus objetivos!

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